terça-feira, 29 de novembro de 2016

Ele Continua Sendo Bom "Vídeo Letra/Projeção"

Quando:

A minha irmã me vê fazendo minhas coisinhas de "faça você mesmo"


Sim, Ele.


Não somos apenas...

"Não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais; somos também, o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos,os impulsos a que cedemos, ‘sem querer’."
— Sigmund Freud

Deixando para trás o ateísmo e outras coisinhas, e retendo o que é bom deste homem inteligentíssimo. Não sou rude nem intolerante, é que acima de toda a inteligencia humana está Deus que é o supremo criador da mesma.

sábado, 26 de novembro de 2016

Quando:

Eu não consigo achar livros que gosto no Black Friday 😭😭😭
Tenho enfrentado problemas para comprar livros que gosto, porque para mim, comprar livros em livrarias não é tão acessível. Tão não. Não é acessível mesmo. E minha mãe não confia que eu compre coisas por meio da internet, aí vou a alguma loja, mas geralmente não tem os livros que mais desejo. Não reclamo das lojas, só compartilho meu drama de ainda não ter alguns livros lindos 😭


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Nova disciplina do curso: Saúde Mental

Este estudo que vou postar aqui não foi de minha autoria. Na primeira disciplina do meu curso de Técnico de Enfermagem (Relações Humanas) tive que apresentar um seminário sobre Psiquiatria, enfim, eu já lia sobre o assunto principalmente nos livros do Augusto Cury, mas com o trabalho tive a oportunidade de ampliar  os meus conhecimentos. Não sei tudo, claro, me considero uma reles mortal sobre um assunto tão complexo: a mente humana. 
E fazendo minhas pesquisas sobre, encontrei este artigo e não lembro em qual site, mas achei bem explicativo. No final deu tudo certo, "não é nada tenso apresentar um seminário para mais de 90 pessoas" rsrsrs.

1 Considerações iniciais
O processo de reforma psiquiátrica no Brasil tem sido pauta de inúmeras discussões, dado o reconhecimento da falência do modelo hospitalocêntrico que anteriormente a esta Reforma predominou. Entendemos que a reestruturação da assistência psiquiátrica implicou na reorganização do processo de trabalho da equipe multiprofissional em saúde mental, com a construção de alternativas diversificadas de atenção. Inerente a isto está a prática da enfermagem psiquiátrica que, para ultrapassar os limites da visão reducionista de doença mental e atingir o modelo proposto pela Reforma, precisou passar por um processo de flexibilização de posturas adotadas, a fim de alcançar práticas renovadas de cuidado. Isto posto, delimitamos a seguinte questão: quais mudanças na prática da enfermagem se evidenciaram em uma instituição pública psiquiátrica do Rio de Janeiro em decorrência da Reforma Psiquiátrica?
Assim, investigamos as mudanças na prática da enfermagem psiquiátrica sob a ótica dos profissionais de enfermagem que atuaram em um hospital pSiquiátrico público no Rio de Janeiro, no período compreendido de 1990 a 2001.
Para operacionalizar o estudo, definimos os objetivos: identificar as características da prática da enfermagem psiquiátrica sob a ótica dos profissionais de enfermagem que atuaram em uma Instituição Psiquiátrica Pública do Rio de Janeiro durante a Reforma Psiquiátrica, e analisar as mudanças na prática da enfermagem no processo da Reforma Psiquiátrica, sob a ótica dos profissionais que atuaram nesta instituição.
Os estudos que tratam da prática da enfermagem psiquiátrica apresentam reflexões sobre seu ensino e sua prática no Brasil, apontando para necessidade de avanços dessa prática e do modelo assistencial(1-3).
Trata-se de um estudo de natureza histórico-social. “A história social como abordagem que busca formular problemas históricos específicos quanto ao comportamento e às relações entre os diversos grupos sociais"(4:48). Delimitamos como marco temporal a Conferência Regional de Caracas para Reestruturação da Assistência Psiquiátrica na América Latina (1990), fato histórico no campo da saúde mental, e a 111 Conferência Nacional de Saúde Mental (2001), acontecimento significativo no processo da reforma psiquiátrica brasileira.
Os sujeitos da pesquisa foram profissionais de enfermagem que atuaram em uma instituição psiquiátrica pública no Rio de Janeiro no período de 1990 a 2001 que, em sua trajetória no campo da saúde mental, vivenciaram em sua prática o processo da reestruturação da assistência psiquiátrica no Brasil.
Realizamos o contato com a instituição que serviu de cenário, a fim de obter autorização para realização da pesquisa. Uma vez autorizada, dirigimo-nos aos profissionais que ainda atuam na instituição. Utilizamos a narrativa destes profissionais como fonte de pesquisa, empregando a técnica do gravador tendo como suporte a entrevista semi-estruturada. Foram encontrados oito informantes, dos quais quatro auxiliares de enfermagem e uma enfermeira concordaram em participar.
Utilizamos, como fontes secundárias, documentos sobre a Reforma Psiquiátrica, quais sejam: leis e relatórios finais das Conferências Nacionais de Saúde Mental, bem como de artigos e livros que versam sobre a história do Brasil, política de saúde mental, Reforma PSiquiátrica e a prática da enfermagem psiquiátrica.
Uma vez concluída a coleta das informações, passamos então para a análise dos dados. Primeiramente, cada relato transcrito foi submetido a uma minuciosa leitura no sentido de tomarmos contato com sua estrutura. Em seguida, realizamos o fichamento dos relatos por temas e procedemos com o mapeamento das informações obtidas, que se deu através da revisão de cada ficha, onde os fragmentos selecionados foram reunidos por temas. A seguir, foram estabelecidos elos entre as informações obtidas nos depoimentos e as fontes secundárias.
Deste modo, resgatando o discurso dos profissionais, foi possível descrever uma parte das mudanças que vem sofrendo a prática da enfermagem no interior de uma instituição psiquiátrica, entrelaçadas ao contexto político-social do Brasil na década de 90 do século XX.
A década de 90 foi marcada por modificações na organização social, política, econômica e jurídica do país. Eleito em 1989, Fernando Collor de Mello assumiu a presidência da República em março de 1990. Suas promessas foram a moralização política, o fim da inflação e a aplicação de uma política neoliberal no Brasil. Seus alvos eram os funcionários públicos “marajás" e a privatização de empresas estatais.
No dia seguinte a sua posse, o presidente lançou seu programa de estabilização financeira, o Plano Collor,baseado em um bloqueio quase total dos ativos financeiros das pessoas físicas e jurídicas, no congelamento temporário de preços e salários e na reforma monetária. A sociedade brasileira ficou estarrecida com tais medidas, pois com isso quebrava promessas de campanha, como, por exemplo, a de não mexer no dinheiro popular(5,6).
Esse ataque à inflação foi acompanhado por medidas duras, como a demissão de funcionários públicos e extinção de autarquias, bem como a redução drástica de tarifas de importação brasileiras, abrindo a economia nacional à competição externa e facilitando a entrada de mercadorias e capitais estrangeiros no país.
Em 1991, as dificuldades encontradas pelo Plano, que não acabou com a inflação, começaram a enfraquecer o governo. Seu programa econômico estava se desfazendo. A ministra da fazenda, Zélia Cardoso de Mello, tentou um segundo ‘tratamento de choque’, mas era tarde demais. A aposta do governo na quebra das expectativas inflacionárias havia sido perdida(5).
No decorrer de 1991 o presidente e seus colaboradores tornaram-se alvos de uma implacável investigação. Em 26 de maio de 1992, o Congresso Nacional instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias de irregularidades. Surgiram manifestações populares em todo o país. Os estudantes organizaram diversas passeatas pedindo o impeachment do Presidente(5.6).
Após a apuração e confirmação das denúncias, a Câmara dos Deputados aprovou o impeachment em 29 de setembro de 1992. Depois, o Senado Federal, em 29 de dezembro de 1992, condenou Fernando Collor ao afastamento do cargo de presidente e suspensão de seus direitos políticos por oito anos. Pela primeira vez na história do Brasil, um presidente brasileiro fora removido do cargo, não por golpe ou ultimato militar, mas por votação pacífica no Congresso Nacional. Collor estimulou a classe política a provar que podia estar à altura de sua responsabilidade constitucional(5,6).
Nesse momento, o vice-presidente Itamar Franco assumiu a presidência. Este “era um político menor, jamais considerado presidenciável" (5309). No campo econômico, o governo enfrentou sérias dificuldades, tendo sido as questões mais urgentes a inflação e o desemprego. O presidente Itamar Franco designou o então senador Fernando Henrique Cardoso para o Ministério da Fazenda. Este anunciou seu plano de estabilização econômica no final de 1993, o Plano Real, implantado ao longo de 1994(6).
No final do mandato, Itamar Franco apoiou a candidatura do ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República, que se apresentou à disputa eleitoral como o idealizador do Plano Real. O sucesso do plano e a queda da inflação deram vitória a Fernando Henrique no primeiro turno das eleições.
Nos primeiros três anos de governo, Fernando Henrique tinha como prioridade a estabilização da economia, promovendo com isso a queda da inflação. Em um aspecto, o governo Fernando Henrique conseguiu uma vitória para os brasileiros mais pobres: o rápido declínio na inflação aumentou o poder aquisitivo médio de consumidores que lidavam apenas com dinheiro (como os pobres), porque a deterioração de sua renda entre as datas de pagamento era agora menor. O maior aperto, no entanto, foi sentido pela classe média, atingida pelo aumento de preço nos ‘não-permutáveis’, isto é,
os bens e serviços que não estavam sujeitos à competição de preço dos substitutos importados. As despesas que mais sobrecarregaram essa classe foram aluguel, mensalidades escolares, refeições em restaurantes e todos os serviços pessoais(5:321).
Na saúde pública, o Sistema Único de Saúde encontrava-se em processo de aprimoramento da atenção e da gestão em saúde, e apresentou dificuldades em garantir o acesso pleno da população aos serviços de saúde. Acrescido a isto, a massificação da propaganda dos planos de saúde levou as pessoas mais favorecidas a optarem por esta modalidade assistencial. Desse modo, o governo promoveu a regulamentação dos planos de saúde, procurando evitar distorções e abusos contra estes consumidores. A implantação de medicamentos genéricos também marcou esta etapa do governo, visando reduzir o monopólio das grandes indústrias farmacêuticas.

2 A reforma psiquiátrica brasileira
O processo de Reforma Psiquiátrica, que ocorreu nos países ocidentais após a Segunda Guerra Mundial (1939-45), vigorou no Brasil a partir da década de 90 do século passado. Este movimento solidificou-se com a Conferência Regional de Caracas para Reestruturação da Assistência Psiquiátrica na América Latina, convocada pela Organização Mundial de Saúdel OMS e pela Organização Pan-Americana de Saúde/OPAS, onde foram analisados os seus antecedentes políticos, históricos e técnicos. Durante esta Conferência, foram abordados os princípios jurídicos em que se deve basear a formulação de políticas e programas para o atendimento aos usuários dos serviços de saúde mental, propondo reformulações para o atendimento(7).
O documento norteador do processo de reforma da assistência em Saúde Mental foi a Declaração de Caracas. aprovada por aclamação nesta Conferência no dia 14 de novembro de 1990, onde organizações, autoridades de saúde, profissionais da saúde mental, legisladores e juristas se comprometeram a promover a reestruturação da atenção psiquiátrica. Este documento sinaliza que a assistência psiquiátrica convencional não permitia alcançar os objetivos compatíveis com um atendimento comunitário descentralizado, integral e participativo, e que o hospital psiquiátrico, como única modalidade assistencial, impedia de alcançar os objetivos propostos.
Uma das causas que levaram a assistência psiquiátrica a buscar a reformulação de suas ações foi a pouca eficácia das internações manicomiais, as denúncias de violação dos direitos humanos e os efeitos do asilamento. Além disto, essas internações requeriam grande parte dos recursos financeiros destinados aos serviços de saúde mental.
A reforma psiquiátrica no Brasil contou com a influência do processo legislativo sobre as políticas de saúde mental, sobretudo com a aprOvação da Lei n° 10.216, de 6 de abril de 2001. A qual redireciona o modelo da assistência psiquiátrica, regulamenta cuidado especial com a clientela internada por longos anos e prevê possibilidade de punição para a internação involuntária arbitrária e/ou desnecessária(8).
As Conferências Nacionais de Saúde também têm constituído papel fundamental na implementação da reforma psiquiátrica brasileira, aprofundando críticas ao modelo hospitalocêntrico, considerado ineficaz e oneroso para os usuários e a sociedade.
Sob a influência das diretrizes da VIII Conferência Nacional de Saúde (1986), a I Conferência Nacional de Saúde Mental (1987), evidenciou o impasse do modelo centrado no hospital. Por sua vez, a 11 Conferência, em 1992, formalizou o esboço de um novo modelo assistencial, não só na lógica, conceitos, valores e estrutura da rede de atenção, mas também na forma concreta de lidar com as pessoas com experiência de transtornos mentais, a partir dos seus direitos de cidadanial9J.
Nos anos que se seguiram, diversas experiências e iniciativas foram realizadas nos campos assistencial, jurídico e cultural, demostrando a viabilidade de um modelo substitutivo ao hospital pSiquiátrico(9).
O Ministério da Saúde, aliado à reestruturação da assistência psiquiátrica, com vistas a consolidar este processo convocou a 111 Conferência Nacional de Saúde Mental para o ano de 2001. O tema central desta vinculou-se ao proposto pela OMS, a saber: Cuidar sim. Excluir não. - Efetivando a Reforma Psiquiátrica com acesso, qualidade, humanização e controle social, buscando efetivar e consolidar um modelo de atenção em saúde mental que seja humano, de qualidade e com participação e controle social.

3 A prática sob a ótica dos profissionais de enfermagem psiquiátrica
A primeira tentativa de sistematização da enfermagem psiquiátrica brasileira tem origem no ano de 1890, com a fundação da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, anexa ao Hospital Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro, ligada à assistência aos doentes mentais (hoje Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, da UNIRIO). Algumas dificuldades foram citadas nos momentos iniciais da escola,
apontando primeiramente sobre a compreensão e atuação do Estado na questão da doença mental através da exclusão e testagem de teorias bizarras naqueles que, supostamente, não mereciam cuidados mais qualificados ou, pelos menos, humanizados(10:230).
Em 1923, também na cidade do Rio de Janeiro, foi introduzida a Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública, dando início à enfermagem moderna, ligada ao desenvolvimento da Saúde Pública, mantendo-se esta afastada da psiquiatria até meados da década de 40(10).
A obrigatoriedade do ensino da enfermagem psiquiátrica foi determinada pela Lei n° 775 de 1949, que estabeleceu para a segunda série do curso o ensino de Enfermagem e Clínica Neurológica e Psiquiátrica. Porém, mais de 50% das Escolas não conseguiam oferecer estágios por falta de condição nos campos de prática. Torna-se evidente, neste contexto, que por razões técnicas e/ou morais, a enfermagem moderna somente a partir do final da década de 40 começou a se aproximar do doente mental e ver nele alguém que deveria - ou poderia -receber uma assistência qualificada que este novo paradigma de formação e prática de enfermagem introduzira no Brasil desde os anos 20(10).
Na década de 60, a enfermagem psiquiátrica vivia uma etapa difícil em sua história. A falta de profissionais habilitados para aturar no campo da saúde mental parece ser a principal discussão da época. Na enfermagem 90% do pessoal que militava nos hospitais psiquiátricos não tinham condições culturais e emocionais para proporcionar conforto e segurança àqueles sob seus cuidados(11).
A inserção dos profissionais nos serviços de saúde mental, no final dos anos 80, parece ser ainda determinada pela garantia de sobrevivência e pela falta de opção de trabalho em outros serviços de saúde.
Quando eu fui chamada não havia vaga em nenhum outro lugar a não ser nos hospitais psiquiátricos? Eu tinha’ que escolher entre três institutos. Na verdade eu não queria psiquiatria. Nesse meio tempo em que eu fui chamada pelo concurso eu já tinha terminado o curso de auxiliar de enfermagem e no curso eu não vi psiquiatria. A prática não. Eu não tinha expectativa nenhuma em ir para psiquiatria, mas essa era a única opção. Você procurando emprego [...] precisando de dinheiro (D1).
O ingresso no hospital psiquiátrico foi direcionado pela necessidade de conseguir emprego e não uma escolha profissional pela psiquiatria, tal qual acontecia nas primeiras décadas do século XX(12).
A situação acima retrata uma experiência coletiva e reaparece na maioria dos discursos, levando-nos a concluir que a inserção profissional na enfermagem psiquiátrica não constitui uma escolha pela especificidade da prática, mas uma falta de opção na escolha do emprego.
Eu comecei na prática da enfermagem psiquiátrica contra minha vontade. Na época, eu fiz um concurso público e pedi pra ser lotada em clínica médica, era o que eu gostava de fazer, mas não me deram escolha. Disseram que eu iria para o Instituto Psiquiátrico, se quisesse. Então cheguei aqui sem gostar de psiquiatria. [...] Quando entrei aqui foi com essa idéia. Foi muito ruim o primeiro dia. Eu fui imposta aqui. Era pegpr ou largar. Então não via com bons olhos a minha entrada aqui. Não depois de tantos anos de enfermagem lá fora. Quando eu soube que ia lidar com doente mental eu entrei em desespero. Teve uma pessoa que falou pra mim que só poderia acontecer duas coisas depois que eu viesse: ou eu endoidava de vez ou aceitava a situação. Eu aceitei (D2).
A enfermagem ainda “colhe os frutos" da psiquiatria comprometida com uma visão reducionista de doença mental, da rigidez de um compromisso teórico e de uma visão dogmática em relação à loucura. Os resultados de velhas práticas foram refletidos no cotidiano dos profissionais de enfermagem, como a questão das enfermarias fechadas e superlotadas, que encontramos nos anos 90 e o papel de “guarda" desempenhado por longo tempo pela enfermagem.
O que eu via era realmente horrível [...] as enfermarias eram todas trancadas. Hoje, em uma enfermaria que você coloca 20 pacientes, na época, tinham 40, 50 trancados ali. O pronto socorro com 30 pacientes. Imagina 30 pacientes trancados num espaço pequeno com 2 pessoas [profissionais} era super complicado (D1).
Eram todos trancados aqui, com portas fechadas a trinco e cadeado. Um auxiliar com trinta pacientes aqui dentro (D3).
O nosso cuidado, basicamente, era manter o paciente medicado e vigiá-lo constantemente (D5).
No início da década de 90, o trabalho desenvolvido pelos profissionais de enfermagem ainda apresenta características compatíveis como modelo assistencial asilar, onde a assistência da enfermagem era realizada quase exclusivamente no interior dos hospitais psiquiátricos, sob rígida disciplina para o cumprimento de regras, onde a enfermeira é coroada pelo seu perfil de observadora e exigente(12).
Não obstante, como revelam os depoimentos, a questão da abordagem violenta ao cliente também subsiste até o início da década de 90. Podemos perceber, através dos discursos dos profissionais, que a forma com que a assistência da enfermagem era realizada no interior dos hospitais psiquiátricos apresenta traços de uma prática que segregava e excluia o doente mental e o ignorava enquanto cidadão.
Teve uma cena que até hoje eu não esqueço. O paciente já estava contido, todo amarrado, nós entramos no elevador e lá dentro, meu colega, supostamente mais experiente, fez assim: na maca baixinha ele pegou o pé e deu no peito do paciente. Eu perguntei: - porque você bateu? Ele já estava amarrado! E ele respondeu: - ‘os pacientes têm que respeitar a gente, vai aprendendo desde já, você tem que se fazer respeitar’. Eram os meus primeiros dias. Aí eu fiquei chocada com aquilo (D1).
As freqüentes denúncias de violação dos direitos humanos fortaleceram os debates acerca da necessidade da criação de novos modelos de assistência em saúde mental, reconhecendo a falência do modelo centrado no hospital, e a necessidade de se humanizar o atendimento oferecido(13).
A prática da enfermagem, no início da última década, empreendida no serviço de saúde mental, indica que a assistência ainda permanecia pautada na medicação e em procedimentos disciplinares arbitrários. Com efeito, condutas como a supermedicação, o eletrochoque e a contenção dos pacientes eram realizados de forma indiscriminada com o intuito punitivo ou para obter a obediência dos internados às regras impostas pela equipe.
Os pacientes eram diferentes dos pacientes de hoje. Eram aquelas pessoas correndo e gritando pelo corredor ou então impregnados de medicação que mal conseguiam ficar de pé. [...] Quando o paciente dava muito trabalho a gente logo medicava. Cansei de dar a medicação primeiro e depois pedir ao médico pra carimbar. Era assim. O que importava era parar o paciente. Outra coisa também que a gente fazia muito era amarrar o paciente. Paciente deu trabalho? Amarra ele. E o eletrochoque? Que coisa horrível! Eu levava os pacientes pra aquela sala de tortura, os pacientes ficavam se contorcendo, tendo convulsões e babando por causa do choque. Já fiz isso várias vezes. Algumas vezes como forma terapêutica, outras como forma de castigar (D4).
Toda aquela agressividade me chocava muito [...] aqueles empurrões [. .. ] banho às cinco da manhã [...] paciente ficar trancado [...] era horrível (D1).
Essa posição exorbitante assumida pela enfermagem favoreceu alguns excessos e abusos de poder. Se, por um lado, as torturas explícitas não mais existiam, deram lugar a formas de violência disfarçadas, como ameaças e privações. Referimo-nos aqui às imposições de horários para o banho, às filas para tomar a medicação, às práticas de confinamento indistinto, como a proibição de visitas, de passeios ao pátio e de acesso aos bens pessoais(3).
A prática da enfermagem comprometida com a reestruturação da atenção psiquiátrica defendida pelo movimento da Reforma, aqui caminha lado a lado com aquela em que os portadores de transtornos psíquicos eram subjugados por uma prática inadequada e pouco eficaz.
O abandono dessas práticas e a desconstrução desse processo fizeram-se necessários para que a enfermagem conseguisse despontar para novas possibilidades assistenciais e tornasse concreta a melhora da qualidade da assistência prestada.

4 As mudanças na prática da enfermagem psiquiátrica
A motivação, que acompanhou o que se convencionou chamar Reforma Psiquiátrica Brasileira, fez com que a prática da enfermagem passasse de custodial para uma assistência onde se compreende o enfermeiro como agente terapêutico capaz de restituir a qualidade de vida das pessoas com transtornos psíquicos, sob seus cuidados. Acerca disto:
Observa-se que os primeiros tempos foram marcados pela tentativa de construir uma nova posição para a enfermeira e auxiliares de enfermagem, deslocando-se da posição historicamente atribuída e assumida de vigia e repressor para uma posição de agente terapêutico envolvido com a concepção, a realização e a reflexão sobre o tratamento proposto aos clientes destes então chamados novos serviços(3:21).
Essa proposta de mudança começou a concretizar-se com a constatação de que a assistência prestada pela enfermagem não dava conta de cuidar do doente mental, de modo a favorecer a melhora de sua qualidade de vida. Foi preciso, assim, romper com antigas práticas e dar lugar a um novo modo de agir e de pensar. Essas mudanças só foram possíveis a partir da superação dos antigos modelos de assistêncía, para construção de novas propostas. A capacitação dos profissionais de enfermagem engajados nesse processo em formação foi fator que influenciou a equipe em suas concepções e práticas. Os depoimentos a seguir revelam essa contribuição para este novo panorama da saúde mental:
Em um determinado tempo, apareceu aqui uma professora de enfermagem oferecendo uma nova psiquiatria, pela ótica de Paulo Delgado. Então eu comecei a fazer cursos para entender melhor a psiquiatria, saber lidar com o cliente, respeitando sua vontade. Fiz curso de psicofármacos que foi oferecido aqui pra entender melhor o porque da medicação. Quando começou a Reforma Psiquiátrica no Brasil e o pais começou a ver a psiquiatria por outro ângulo, foram oferecidos cursos que eu fui fazendo. E muita gente fez. Isto tudo, pra mim, trouxe melhora até para o auxiliar de enfermagem (D2).
Depois de Paulo Delgado aconteceram tentativas em mudar a psiquiatria. Eu fui encaminhado pra Santos, onde já existiam os CAPS [Centro de Atendimento Psicossocial], que é fruto da psiquiatria moderna. Eu aprendi multa coisa lá. Aprendi a lidar com o c~ente. Entendi que ele tem autonomia. Presenciei, inclu);ve, a interação da equipe multiprofissional (D3).
A possibilidade de capacitação trouxe para os profissionais múltiplos olhares que favoreceram a construção de uma prática diferenciada em relação à saúde mental. O exercício da interdisciplinariedade passou a fazer parte dos seus discursos, bem como a concepção do doente como um ser singular, possuidor de autonomia e parte interativa de uma rede social, porém não afastou destes profissionais o medo subjacente ao estigma do louco(3).
As mudanças sinalizadas pelos sujeitos vão da compreensão do relacionamento terapêutico às questões referentes ao processo de abertura das enfermarias, ao estudo das doses da medicação, às mudanças no diálogo com os pacientes e no espaço físico, como facilitadoras desta nova proposta assistencial. Os trechos a seguir revelam a percepção dos depoentes em relação às transformações advindas com o movimento da Reforma:
Houve uma mudança. A gente teve oportunidade de trabalhar com um diretor que começou a forçar a enfermaria aberta. E daí foi melhorando a qualidade da assistência. Aconteceu também uma reforma no espaço físico que, como já falei, era multo ruim. As enfermarias ficaram mais arejadas. Depois disso tudo nós vimos a melhora. [...] a interação com o paciente mudou. A gente já pode atuar com o paciente de uma outra forma. Acalmá-Io com palavras, conversando ... Já é aceito que você faça isso (D2).
A questão da medicação mudou também. Antes nós tínhamos um quadro grande de pacientes impregnados. Hoje, um melhor estudo sobre a dosagem da medicação ... Essa redução fez a pessoa expressar-se melhor. Você a entende melhor (D3).
Algumas coisas na enfermagem foram mudando [...] a questão do plantão de 24h em enfermaria fechada [...]. Aqui começou a se discutir humanização, trabalho em equipe. [...] começamos todo um processo de abrir as portas das enfermarias, colocar espelho em todas elas [...] o paciente começou a comer de garfo. [...] Realmente mudou. Hoje em dia a contenção é só com prescrição. Houve uma mudança de mentalidade da equipe de enfermagem em relação ao paciente. Acho que as pessoas estão entendendo o que é relacionamento terapêutico. A gente jlá avançou bastante. Aquela fala ríspida com o paciente deu lugar a uma fala mais pra igual (D1).
A mudança de posição do profissional de enfermagem, de alguém cujo objeto de cuidado era a doença, para agente terapêutico capaz de intervir junto ao cliente, investindo em sua singularidade e respeitando-o enquanto sujeito(3), foi um dos grandes passos dados pela enfermagem para a consolidação desse processo que vem sendo construido ao longo dos anos, e que favorece a retomada da condição de cidadão ao portador de transtornos psíquicos.
Contudo, apesar dessas mudanças, ainda vivenciamos os reflexos dos efeitos negativos das regras asilares manejadas pelo profissional de enfermagem. Assim “os prejuízos legados à enfermagem psiquiátrica são enormes e podem ser sentidos fortemente no panorama dramático da assistência à saúde mental que tentamos modificar"(10:234).

5 Considerações Finais
O estudo nos permitiu identificar que, embora o discurso da Reforma Psiquiátrica já existisse no início dos anos 90, a assistência prestada pela enfermagem ao doente metal, nessa época, ainda permanecia compatível com o modelo segregador, excludente e violento denominado asilar. Estas distorções contribuiram com a resistência dos novos profissionais que chegavam para trabalhar na instituição psiquiátrica, declarando não ter optado pela área, o que provavelmente tornava a reforma psiquiátrica mais difícil.
Os cursos para capacitação dos profissionais foram necessários para que se começasse a formar uma nova visão e posicionamento crítico da enfermagem em relação a sua práxis. Ainda assim, para dar sustentação às novas formas de cuidar, é preciso ter bem definido o papel da enfermagem dentro da equipe multiprofissional, principalmente a dos auxiliares.
Isto nos leva a concluir que o profissional de enfermagem tem avançado em direção a este novo paradigma, que propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica. Contudo, para atingir as propostas reformistas é necessário não mais reproduzir o pensamento, o fazer, enfim, toda cultura manicomial. Isto, porém, é tarefa árdua, visto que derrubar formas de pensar e agir tão arraigadas no cotidiano destes profissionais implica no compromisso com a transformação da assistência. Para isso, faz-se necessário enfatizar a relevância da contribuição de cada um nesta nova forma de assistir.


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Potinhos decorados #reutilizar

Resolvi fazer estes potinhos porque agora em Novembro, meu quarto passará por uma reforminha. Será mudada a cor do quarto para "areia", tipo um bege e serão colocadas pratileiras brancas.
Consequentemente, merece uma nova decoração. Muitas coisas eu já tenho, tipo aquelas caixinhas de música à corda, amo! E de uma prateleira vou tentar usá-lá como penteadeira, só ficou faltando uma para o cantinho de estudos, porque a madeira não foi o suficiente, mas em breve vai dar certo. 
Vidros: de perfume escrito "Jesus é o caminho em hebraico; de azeitona escrito "Eu sou" em francês; o outro estou pensando o que colocar.


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

"As memórias desta vida vou plantar e as regar com recomeços..." - Arrais


Deus é...

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.
Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.
Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;
Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.
E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça.
Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.
João 1:1-18



PODE SER - Pedro Valença (Lyric Video)

Nutrir o Espírito 🙏


sábado, 5 de novembro de 2016

Aí você vai fazer a prova do ENEM, mas:

Traumas pós ENEM  #1°dia #vaidarcerto 🙏


Ver não é crer... 🙏

João 20

24. Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.
25. Diziam-lhe, pois, ou outros discípulos: Vimos o Senhor. Ele, porém, lhes respondeu: Se eu não vir o sinal dos cravos nas mãos, e não meter a mão no seu lado, de maneira nenhuma crerei.
26. Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco.
27. Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente.
28. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu!
29. Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.
30. Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro;
31. estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

"Não vos embriagueis com o vinho..." 🙏

  • acadamanhaJá perceberam o quão fácil é, para alguém embriagado, tomar atitude?
    Em mais uma das minhas viagens eu pude refletir rapidamente sobre isso.
    Como minhas ideias se esvaem rapidamente, desenhei em dois minutos e escrevo sem pensar muito, já que amanhã é um dia corriqueiro e que exige acordar cedo.
    Dito isso, retomo a minha pergunta.
    Acho que os adolescentes vão se enquadrar melhor neste texto, já que eles se indagam desta maneira com mais frequência.
    Seja por pressão dos amigos numa festa, ou para a desinibição; seja por criar coragem pra falar com uma menina, ou querer se autoafirmar, beber é um hábito que eclode na juventude.
    Lembro-me bem quando, há dois anos, vi um colega beber vodka numa aula de física.
    Aquilo ainda era uma realidade estranha e distante da minha, que, inocente, imaginava que só veria aquilo numa faculdade.
    Histórias sobre festas nas quais meus amigos bebiam se tornavam mais frequentes. Dessa forma, festa sem bebida era festa de criança.
    Eu, como cristão, em meio a uma realidade tão confusa, ao meu ver, via com curiosidade e incompreensão.
    De fato, nunca passei da curiosidade. Mas, hoje, após ver um filme, retomei algo que pensei há algum tempo.
    "Como minha vida seria mais fácil se eu bebesse". Imediatamente, meu espírito grita:
    “Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito,”
    ‭‭Efésios‬ ‭5:18‬ ‭NVI‬‬
    Wow. É mesmo. É coo se o próprio Espírito Santo me lembrasse que eu não preciso disso, eu tenho a Ele.
    Usar a bebida como desculpa para pecar, ou atingir seus objetivos infundados, apenas reflete falta de busca a Deus.
    Quando nos embriagamos, queremos utilizar-nos daquele estado de não percepção para satisfazermos os desejos do nosso coração. Diga-se de passagem, desejos egotistas e inconsequentes.
    Quando buscamos de fato encher-nos do Espírito, experimentamos uma outra realidade de compreensão.
    Quando nossas decisões estão pautadas na busca ao Senhor, temos acesso a boa, agradável e perfeita vontade de Deus..
    Essa sim é previamente planejada e nos permite viver livres, despreocupados com o futuro, pois sabemos que o Senhor estará à frente.
    .{continua nos comentários}

  • acadamanhaBeber do vinho, nos leva a decisões fáceis e precipitadas. Beber do Espírito nos leva a um novo patamar de sobriedade e maturidade para decidirmos de forma sensata.

Ser e esperar. @vdcristo 🙏

vdcristo

Desde que me conheço por gente, busco a pessoa certa.
Sempre acreditei que Deus tinha a pessoa certa guardada para mim em algum lugar.
Nas conversas com minhas amigas, o tema era sempre o mesmo: o cara certo!
Como ele deveria ser? Quais as qualidades?
O cara certo teria que amar a Deus acima de qualquer coisa. O cara certo, teria que ser dedicado na igreja.
E ai, conversando com meus amigos sobre o que eles pensavam da garota certa, me falaram que esta teria que ser uma mulher virtuosa. Teria que ser dedicada a Deus.
E os anos foram passando, passando. E o tal cara certo não chegava. E via a frustração dos demais amigos e amigas esperando a pessoa certa.
Até que um dia, entendi que eu não preciso buscar a pessoa certa, mas que eu preciso ser a pessoa certa.
É muito fácil querer encontrar o cara certo, mas será que eu tenho sido a garota certa?
Minhas atitudes, meus pensamentos, minha vida condiz com aquelas exigências que eu tenho colocado diante de Deus, para o tal cara certo?
Você quer alguém que seja dedicado (a) à Deus! Mas você tem sido dedicado (a) a Deus?
Quero achar a pessoa certa. Mas a minha pessoa certa também quer encontrar a pessoa certa.
Entendem o que eu quero dizer?
Busque mais e mais a Deus. Se aproxime dEle, antes de se aproximar de alguém. Seja para Deus, tudo aquilo que você quer encontrar em outra pessoa.
Se dedique à estudar, meditar na Palavra de Deus, à orar, à ter um relacionamento verdadeiro com Deus!

Texto: EscolhiEsperar
Por - @dosebiblicaoficial
Siga: @cristocentricos



Jatobá Beberibe- CE

    Na Quarta-feira dia 02.11 viajei para o interior onde meu pai morava, por conta do dia de finados fomos visitar o tumulo dos meus avós paternos. Ali encontrei uma realidade um tanto longe de mim, pois não tinha a verdadeira noção de como está escasso nosso principal recurso hídrico, a água.
   Conversei com algumas senhoras que se encontravam no cemitério, senhoras de 90, 80 anos, por aí, uma delas me relatou que comprava a água de R$20 ou R$10 reais, que se torna muito para quem precisa deste recurso todos os dias para inúmeras tarefas. Outra me relatou de estar vendendo algumas galinhas de sua criação pois está muito caro para alimentá-las já que não tem agua para plantar.
   Foi o momento de pensar e agradecer a Deus a vida que tenho, e por ser salva pelo seu amor e sua misericórdia todos os dias, pois pecadora sou e não mereço nenhuma das bênçãos que Deus me concede. Mas, em tudo está o preço do pecado do homem, é uma população muito idolatra, talvez muitos digam que sou dura ou radical demais, mas não se pode usar eufemismos para omitir a verdade das escrituras, porque para o homem natural a palavra de Deus é loucura para os que perecem. 
   Então quando cheguei de viagem fui para o culto e pedi oração por aquelas pessoas para que Deus as salve, segundo a sua vontade, e mande recursos naturais. Pois estão pedindo a um alguem errado:

"Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e da tua verdade.
Porque dirão os gentios: Onde está o seu Deus?
Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou.
Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens.
Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem.
Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram.
Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta.
A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam.
Israel, confia no Senhor; ele é o seu auxílio e o seu escudo.
Casa de Arão, confia no Senhor; ele é o seu auxílio e o seu escudo.
Vós, os que temeis ao Senhor, confiai no Senhor; ele é o seu auxílio e o seu escudo.
O Senhor se lembrou de nós; ele nos abençoará; abençoará a casa de Israel; abençoará a casa de Arão.
Abençoará os que temem ao Senhor, tanto pequenos como grandes.
O Senhor vos aumentará cada vez mais, a vós e a vossos filhos.
Sois benditos do Senhor, que fez os céus e a terra.
Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens.
Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio.
Mas nós bendiremos ao Senhor, desde agora e para sempre. Louvai ao Senhor."

Salmos 115:1-18

Na foto está minha irmã e uma mocinha da família do  meu pai.


quinta-feira, 3 de novembro de 2016

terça-feira, 1 de novembro de 2016

De ontem. Paracuru Ce


31 de Outubro, 499 anos de Reforma Protestante

                                                    A Fé Protestante Manoel Canuto 
Monergismo.com

   A palavra “protestante”, de acordo com a definição do dicionário se refere a “um membro de uma das igrejas cristãs que terminaram se separando da Igreja católica Romana desde o século XVI; batistas, presbiterianos, congregacionais, e alguns outros; ou se refere a ‘uma pessoa que protesta’”. O termo “protestante” não é um termo pejorativo. A palavra é derivada do latim, da preposição PRO, que significa “para”, e o infinitivo TESTARE, “testemunho”. Um protestante é, então, uma testemunha – um protestante é uma testemunha de Jesus Cristo e da Palavra de Deus. O protestantismo não é meramente o protesto contra a corrupção eclesiástica e o falso ensino; é o renascimento da fé bíblica, um renascer do cristianismo do Novo Testamento, com uma ênfase positiva nas doutrinas das Escrituras.
   
 Mas historicamente o termo “protestante” se originou na Segunda Dieta Imperial Alemã de Speyer (1529) quando os príncipes luteranos leram um “Protesto” contra a decisão da Dieta que declarava que a fé Católica Romana era por lei a única fé. A primeira Dieta de Speyer tinha decidido que o governante de cada estado estava livre para seguir a fé que sentisse ser a correta. Este “protesto” era ao mesmo tempo, uma objeção, um apelo e uma afirmação:
  
  “Qual é a igreja verdadeira e santa? ... Não há nenhuma pregação ou doutrina segura senão aquela que permanece fiel à Palavra de Deus. Segundo o mandamento divino, nenhuma outra doutrina deve ser pregada. Todo texto das santas e divinas Escrituras deve ser elucidado e explicado por outros textos. Esse Livro Santo é necessário, em todas as coisas, para o cristão; brilha claramente na sua própria luz e é vista iluminando as trevas. Estamos resolutos, pela graça de Deus e com a Sua ajuda, a permanecermos exclusivamente na Palavra de Deus, no santo evangelho contidos nos livros do Antigo e do Novo Testamento. Somente essa Palavra deve ser pregada, e nada que seja contrário a ela. É a única verdade. É o juiz certo de toda doutrina e conduta cristã. Não pode nos enganar nem lograr”.
   
 Dessa forma, os luteranos e outros defensores da Reforma passaram a ser chamados e conhecidos como “protestantes”. 

O Protestantismo surgiu em uma época difícil, de escuridão espiritual e de escândalos no seio da Igreja. O povo vivia na ignorância das Escrituras, cheios de superstições, crendices, e alheios às verdades do Evangelho. O culto a Deus era um emaranhado de invenções humanas. O povo “não conhecia ao Senhor” (Juízes 2:10). Os líderes espirituais eram incultos e viviam na imoralidade. O celibato não funcionava e desde os Papas até ao mais simples sacerdote, muitos estavam envolvidos com relacionamentos ilícitos, com amantes e até filhos. A corrupção do papado estava ligada à riqueza e ao poder. Há claros relatos de perseguições aos que se levantavam em alguns locais procurando obedecer e viver de acordo com as Escrituras. Foi o caso do Papa Inocêncio VIII que ordenou a execução dos Valdenses. A escandalosa perseguição da Inquisição que fez com que Thomas Tacomado, chefe da Inquisição espanhola, queimasse vivos 10 mil pessoas presas a uma estaca. O escândalo das Cruzadas onde milhares de pessoas foram exterminadas com o pretexto da necessidade de se apossar da Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 2 “maior relíquia”, a cidade de Jerusalém. São pequenos exemplos da negritude da Igreja medieval. São manchas inapagáveis na história da Igreja.

 INDULGÊNCIAS: A DEFLAGRAÇÃO 
   A base doutrinária para a existência de indulgência era o ensino da Igreja de que ela tinha a custódia (a guarda) dos Tesouros dos Méritos que foram adquiridos pelos grandes santos que haviam excedido as boas obras necessárias para a salvação. Esse excesso de méritos se tornava uma fonte que a Igreja poderia distribuir aos que estavam deficientes espiritualmente, os pecadores necessitados. Isso era feito através de um certificado assinado pelo Papa que era adquirido pelo povo e assim se obter os méritos que necessitavam desta “caixa de méritos”, deste tesouro de méritos. Foi nos anos de 1460 a 1470 que o Papa Sixtus IV declarou os benefícios das indulgências para os que haviam ido para o purgatório. Como fruto da ignorância espiritual e da sede de riqueza e poder por parte da Igreja, surgiram a venda das indulgências onde a salvação era comprada por dinheiro. Esse dinheiro era dividido entre os banqueiros da época, o Papa, e uma parte ficava com o mais talentoso vendedor de indulgências: Tetzel. Na venda destas indulgências havia variedade de preços, pois Tetzel era hábil e criou um meio de atingir os ricos e pobres. Quem era rico dava mais e os pobres davam menos, mas todos davam. 
  
 Era outono de 1517 quando começaram as vendas destas indulgências. O anúncio era de que os compradores poderiam obter remissão dos pecados das pessoas queridas que já haviam morrido e ido para o purgatório. Consequentemente pessoas faziam esforços tremendos para libertarem seu queridos dos tormentos do purgatório (lugar de punição temporal pelos pecados) e tivessem a entrada no céu assegurada. Para isso bastava comprar os certificados assinados pelo Papa. Tetzel repetia sempre o “jingle”: “Assim que a moeda no cofre tilintar, alma do purgatório saltará”.
    
Informações destas atividades de Tetzel chegaram ao conhecimento de um professor de Teologia da Universidade de Wittemberg que as recebeu completamente consternado, mas, provocando sua ira. Seu nome era Martinho Lutero. Ele já havia refletido muito sobre sua condição de pecador e sua incapacidade para ser salvo através de obras meritórias e havia chegado a conclusão, pelas Escrituras, que a salvação é pela graça de Deus somente.
   
 No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero, inflamado, desafiou a Igreja protestando de uma forma que ficaria marcada na história da Igreja perpetuamente. Foi à frente da porta da igreja do castelo de Wittemberg com um documento na mão e um martelo na outra, e afixou na porta uma lista com 95 protestos escritos em latim contra a venda das condenáveis e antibíblicas indulgências. Lutero anunciava ao povo que eles estavam sendo cruelmente enganados. A imprensa escrita que havia sido inventada por Gutemberg foi de muita importância para a divulgação das teses de Lutero em toda Europa, sendo traduzidas para vários idiomas. Com isso, a venda de indulgências caiu muito e fez “doer” muito o bolso da Igreja. Isso provocaria a Dieta de Worms onde Lutero mais tarde seria julgado pelos seus escritos e convicções. 
  
 Naquela época a Igreja ensinava que o perdão dos pecados poderia ser conseguido através do sacramento da penitência, quando o padre, representando Jesus, Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 3 absolvia o pecador que confessava seus pecados e dava uma contribuição à Igreja como penitência. Lutero queria uma reforma na Igreja; queria trazê-la de volta às Escrituras para restaurar a pureza da fé. Não queria se tornar fundador de uma igreja separada. Lutero soube depois que a corrupção já havia atingido a cúpula de Roma e que o Papa Leão X e Albrecht, o arcebispo de Mainz haviam organizado a venda das indulgências. 

  LUTERO E SUAS DÚVIDAS
  
 Lutero nascera de um lar pobre e, contrariando seus pais, desejou ser sacerdote. Era um homem sincero e desejoso de conhecer a Deus e Sua salvação. Mas sua visão de Deus era a de um juiz implacável que condena o homem pecador merecidamente. Era um homem angustiado que buscava sua salvação através de obras, do isolamento em um monastério, através de jejuns e orações; fazia confissões diárias mas não se sentia aceito por um Deus que é todo justiça.
  
  Quando Lutero celebrou sua primeira missa, um grande vexame aconteceu. Toda sua família estava presente inclusive seu pai, o velho Hans Lutero, que já havia aceito a idéia de seu filho tornar-se um sacerdote. Lutero começou a cerimônia com firmeza e equilíbrio. Mas quando chegou o momento da oração de consagração, quando haveria, segundo o ensino católico, o grande milagre da transubstanciação, o monge agostiniano vacilou. Parecia congelado no altar; seus olhos estavam vidrados, suava bastante e um silêncio tomou conta da congregação. Seus lábios tremiam e não conseguia articular nenhuma palavra. Não tinha condições de continuar e voltou à mesa onde os convidados da família estavam e sentou-se. Foi arruinada a cerimônia, desonrada a família e a si mesmo. 
  
  Por que aconteceu isso? Lutero explica: 
   “Com que linguagem posso dirigir-me a tal majestade? ...Quem sou eu, para que levante meus olhos e minhas mãos até a majestade divina? Os anjos O rodeiam. À Sua sombra a terra treme. E posso eu, um miserável, dizer: ‘Quero isto, peço aquilo?’. Porque sou pó e cinzas e cheio de pecados e estou falando do vivente, eterno e verdadeiro Deus”. 

  Na verdade, Lutero tinha um grande conflito que o perseguiu por muito tempo. Era uma pedra de tropeço para ele. Ele odiava a expressão “justiça de Deus” mas amava a palavra “Evangelho” (Boas Novas). Como conciliar as duas coisas? Pensava o Dr Lutero: “Como posso ser Salvo?”. Como poderia ele libertar-se da justiça santa e justa de um Deus que condena não só o pecado, mas aquele que comete o pecado? Por seus próprios esforços? Isso ele já vinha tentando há muito tempo e frustrado via que era totalmente ineficaz. Lutero conhecia as Escrituras e sabia que “todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia...” (Isaías 64:6). Não eram seus pecados que eram como trapo de imundícia, mas suas obras de justiça. Lutero via que estava perdido porque o homem não tem justiça própria. Seus atos são corrompidos e Deus é santíssimo para aceitar qualquer coisa contaminada. No céu só entra santos e justos. Como poderia ser salvo? Esta foi a grande pergunta dos Reformadores. Mas a Bíblia teria a resposta que Lutero tanto desejava. Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 4
  
  Ele estava ensinando a Epístola aos Romanos quando se deparou com o versículo 17 do primeiro capítulo desta epístola extraordinária: “...visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé”. Seus olhos foram abertos porque viu que a expressão que odiava, “justiça de Deus”, era revelada no que ele mais amava, “no evangelho”. Ele viu pela primeira vez a conexão entre as duas coisas. Viu primeiro que havia uma diferença entre Lei e Evangelho. Ele buscava justificação nas obras da Lei. Mas a Lei só exige, só condena. Ele buscava justificação nas obras da lei, mas ela só vem e “se revela no evangelho” mediante a fé. Ele creu em Cristo como o seu justificador e passou a amar o que odiava: a justiça de Deus. Percebeu que justiça de Cristo (Sua obediência passiva e ativa) havia sido creditada em “sua conta”. Ele compreendeu que a justificação do pecador é pela fé em Cristo e assim somos declarados justos: “O justo viverá por fé”. Agora Lutero se regozijava na salvação pela fé somente. A sua confiança na obra de Cristo dava-lhe o descanso que tanto desejava. Por isso disse: “...esta expressão de Paulo tornou-se para mim a plena verdade, uma porta para o paraíso”. Sua justiça não era a sua, mas a de Cristo.
    
Como pois aceitar vendas de indulgências para se conseguir salvação? Por isso Lutero detonou suas armas contra os erros de uma Igreja desviada da verdade. Ele deflagrou uma reforma que já havia sido tentada por alguns que haviam sido mortos e considerados hereges como foi o caso de Dr. John Hus, na Boêmia (queimado na estaca); com Savanarola em Florença, Itália (queimado em praça pública), e teria acontecido anteriormente também (como aconteceu com outros) com o erudito Dr. John Wycliffe (Inglaterra), a “Estrela D‘Alva da Reforma”, caso não morresse de derrame cerebral. 
   
QUEM SÃO OS EVANGÉLICOS
    Sendo um movimento bíblico e não uma religião organizada, os evangélicos têm existido desde os tempos dos Apóstolos. Pela providência de Deus, sempre tem havido os que rejeitam as tradições inventadas por homens, para crerem na mensagem da Bíblia concernente à salvação pela graça de Deus.
  
 O acontecimento mais notável dos evangélicos teve lugar no século XVI com a Reforma Protestante. Este ocorreu porque alguns sacerdotes católicos e outros eruditos da época começaram a estudar a Bíblia seriamente para entender com mais precisão o ensino original de Jesus e dos Apóstolos. Descobriram sérias diferenças entre a Palavra de Deus e a Igreja Católica. Protestaram sobre estas diferenças insistindo que a Igreja obedecesse à Bíblia. Porém a igreja os rejeitou. Isso nos faz lembrar Jeremias 6.16: “Assim diz o Senhor: Ponde-vos à margem no caminho e vêde, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos”. 
  
 Este movimento protestante segue até os dias de hoje, talvez com mais de 55 milhões de membros no mundo. Os evangélicos aceitam a Bíblia como a única autoridade no tocante à doutrina e práticas religiosas. A Igreja Católica, contrariamente, aceita a tradição, os concílios e os decretos do Papa como autoridade final. Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 5

 Princípios que caracterizam os verdadeiros Evangélicos ou Protestantes 1) SOLA SCRIPTURA – Somente a Escritura Esta foi a grande marca que deu à Reforma o seu princípio regulador. Os Evangélicos defendem como verdade que só a Bíblia é a única regra de fé e prática. Só ela é completa, perfeita, clara, autoritativa, inerrante e inspirada pelo Espírito Santo. Nada mais. Crêem, como Paulo, que toda a Escritura é “inspirada por Deus”; que a Bíblia é o guia para a salvação e que é através da Palavra escrita de Deus que o crente se torna “perfeitamente habilitado para toda boa obra” (II Tm 3:17). Um evangélico atribui à Bíblia exatamente a mesma autoridade que Jesus Cristo atribuiu à Bíblia de Sua época. Disse Jesus: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra” (Mateus 5:17-18). Jesus falou isso porque a liderança religiosa judaica havia acrescentado muitas coisas à Lei que fora entregue diretamente por Deus a Moisés. Eram tradições rabínicas (apesar de cheia de superstições) consideradas no mesmo nível de autoridade com as Escrituras. A Igreja Católica também é um grande exemplo de como criar, pela tradição, aquilo que não existe nas Escrituras e que continuam até hoje. Fatos:

Ano 300 – Oração pelos mortos
 Ano 300 - Sinal da cruz Ano 300 - Uso de Velas
 Ano 375 - Veneração dos anjos e santos falecidos
 Ano 394 – A missa, como celebração diária
 Ano 431 – Começo da exaltação de Maria ( o termo “Mãe de Deus” foi-lhe aplicado pela 1ª vez) 
Ano 500 – Sacerdotes começam a se vestir de forma diferente 
Ano 526 – Extrema unção
 Ano 593 – Doutrina do Purgatório, estabelecida por Gregório I
 Ano 600 – Latim usado para orações e no culto 
Ano 600 – Orações feitas a Maria, santos mortos e anjos 
Ano 607 – Título de Papa, ou bispo universal dado a Bonifácio III
 Ano 607 – Beijar os pés do Papa
 Ano 750 – Poder temporal dos Papas 
Ano 786 – Adoração da cruz, imagens e relíquias
 Ano 850 – Água Benta misturada com uma pitada de sal e abençoada pelo sacerdote 
Ano 890 – Adoração de São José
 Ano 995 – Canonização dos santos mortos 
Ano 998 – Jejum nas sextas feiras e durante a quaresma 
Ano 1050 – A Missa, gradualmente transformada em sacrifício com freqüência obrigatória 
Ano 1079 – Celibato obrigatório dos sacerdotes
 Ano 1190 – Venda de indulgências
 Ano 1215 – Confissão Auricular de pecados a um sacerdote e não a Deus
 Ano 1220 – Adoração da hóstia
 Ano 1229 – A Bíblia proibida aos leigos
 Ano 1215 – Doutrina da Transubstanciação
 Ano 1414 – O Cálice da Eucaristia foi tirado do povo e este não mais o tomava
 Ano 1439 – Purgatório proclamado como dogma pelo Concílio de Florença
 Ano 1439 - A doutrina dos Sete Sacramentos
 Ano 1545 – A tradição da Igreja é declarada de autoridade igual à da Bíblia pelo Concílio de Trento Ano 1546 – Adição de livros apócrifos às Escrituras, depois do Concílio de Trento
 Ano 1854 – Dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria.
 Ano 1870 – Infalibilidade Papal 
Ano 1950 - Ascensão corporal de Maria 

Sendo assim, os evangélicos ficam do lado de Jesus na questão da autoridade da Bíblia e renunciam a autoridade das tradições humanas. Esta é uma das grandes diferenças com a Igreja de Roma. Quando Jesus debateu com os fariseus, Ele respondeu às suas críticas com a seguinte acusação: “... E assim invalidastes a Palavra de Deus, por causa da vossa tradição” (Mateus 15:6). Jesus muitas vezes ia de encontro às Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 6 tradições dos homens mas Ele cumpria, mantinha e defendia a Palavra de Deus. No Sermão do Monte Jesus mostrou claramente a confiança que os judeus depositavam na tradição rabínica quando disse: “Ouvistes o que foi dito aos antigos...Eu porém vos digo... (Mateus 5:21-22). Desta forma Jesus se opunha aos ensinamentos tradicionais dos rabinos que haviam pervertido a Palavra de Deus através de falsas interpretações. É como se Cristo dissesse: “Esqueçam o que os rabinos lhes ensinaram e ouçam o que lhes digo, pois a minha palavra é a Palavra de Deus”. 
  
 Lutero combateu a venda de indulgências e das outras superstições da Igreja medieval pois não tinham respaldo bíblico. Combater os erros como fez Lutero, ainda hoje, trará conseqüências penosas e perseguições. O Papa e o imperador se voltaram contra Lutero e os príncipes da Alemanha receberam ordens para investir contra ele. O Papa exigiu que Lutero se apresentasse em Roma para responder às acusações que pesavam contra ele. Lutero, no entanto, tinha um protetor, Frederico o Sábio, Príncipe da Saxônia. Frederico sabia que Lutero não receberia um tratamento justo em um tribunal em Roma. Se ele tivesse de ser julgado, que fosse em um tribunal na Alemanha. Finalmente, tudo foi organizado, e em abril de 1521, o “Santo Imperador Romano”, Carlos V foi à pequena cidade de Worms, na Alemanha, onde ele havia convocado uma assembléia imperial.
   
 Em Worms, estavam unidos os bispos, arcebispos, príncipes do Império, representantes das cidades livres e bem no alto, acima de todos, estava o augusto Carlos V, Rei da Espanha e chamado “Santo Imperador de Roma”. 
  
 Diante daquela assembléia imponente, no dia 17 de abril de 1521, estava o humilde clérigo agostiniano, Martinho Lutero, vestido com seu capuz de monge, de pé, diante de uma mesa onde estavam folhetos e vários tratados escritos e publicados por ele. Seu inquisidor era Johann Von Eck, assistente do Arcebispo de Trier. Eck mandou que Lutero reconhecesse publicamente a autoria de toda aquela literatura. Corajosamente Lutero o fez. Quando a Lutero foi solicitado se retratar das suas “heresias”, pediu, para surpresa de todos, um certo tempo para refletir e escrever uma resposta formal. Teria Lutero desistido? Surpresa e tensão, porque Lutero antes de sua chegada havia dito: 
   
“Esta será minha retratação em Worms: ‘Anteriormente disse que o Papa é o vigário de Cristo. Me retrato. Agora digo que o Papa é o adversário de Cristo e o apóstolo do diabo’ ”. 
   Foram-lhe concedidas 24 horas para preparar sua resposta. Na solidão daquela noite, aquele homem de Deus escreveu uma das orações mais comoventes jamais escrita:
   
 “Oh Deus, Deus todo poderoso e eterno! Quão terrível é o mundo! Olha como sua boca se abre para tragar-me, e quão pequena é minha fé em ti!... Oh! A debilidade da carne, e o poder de Satanás! Se eu tenho de depender de alguma força deste mundo – tudo está terminado... O toque dos defuntos tem soado... A sentença tem sido pronunciada...Oh Deus! Oh Deus! Oh Tu, meu Deus! Ajuda-me contra toda a sabedoria deste mundo. Falo e te imploro; tu podes fazê-lo...por teu próprio e vigoroso poder...A obra não é minha, mas tua. Não tenho que meter-me nisto... Não tenho  – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)  7 nada pelo que contender com estes grandes homens do mundo! De bom grado passaria meus dias em alegria a paz. Porém, a causa é tua...E é justa e eterna! Oh Deus! Ajuda-me! Oh Deus fiel e imutável! Não descanso no homem. Seria em vão. Qualquer coisa que seja do homem é cambaleante, qualquer coisa que proceda dele deve fracassar. Meu Deus! Meu Deus! Não ouves? Meu Deus! Não estás mais vivo? Não, tu não podes morrer. Só estás te escondendo. Tu me tens elegido para este trabalho. Eu sei!... Portanto, oh Deus, cumpre com Tua vontade! Não me abandones, por teu bem amado Filho, Jesus Cristo, minha defesa, meu escudo, e minha fortaleza. Senhor...onde estás?...Meu Deus, onde estás?... Vem! Rogo-te, estou pronto...Olha-me preparado para oferecer minha vida por Tua verdade...sofrendo como um cordeiro. Porque a causa é santa...É Tua própria causa...Não vou deixar-te ir! Nem sequer por toda a eternidade! E mesmo que todo o mundo se enchesse de demônios e este corpo, que é obra de Tuas mãos, tivesse quer ser lançado, pisoteado, cortado em pedaços,...reduzido a cinzas, minha alma é Tua. Sim, eu tenho Tua própria Palavra que me assegura. Minha alma te pertence, e morará contigo para sempre! Amém! Ó, Deus, envia Tua ajuda. Amém”. No dia seguinte aquele monge desconhecido estava diante da Assembléia para pronunciar o discurso que mudou o curso da história e modificou a Igreja para sempre. O mundo e a Igreja jamais foram os mesmos depois que Lutero fez sua declaração arrebatadora: “Desde que vossa serena majestade e vossas senhorias buscam uma resposta simples, eu a darei assim, sem chifres nem dentes. A menos que seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou por mera razão (pois não confio nem no Papa nem nos Concílios, pois é bem sabido que eles freqüentemente erram e se contradizem), eu estou atado pelas Escrituras que já citei, e a minha consciência está cativa à Palavra de Deus. Eu não posso e não irei me retratar de nada, já que não é seguro nem correto agir contra a consciência”. Lutero estava arriscando sua vida por Cristo. Outros que tomaram atitude semelhante haviam sido queimados como hereges como foi o caso de Hus por ordem do Concílio de Constança 100 anos antes (John Hus também havia protestado contra as indulgências mesmo antes de Lutero). Lutero teve a garantia do Imperador de que poderia sair de Worms em segurança. Mas a partir daquele momento seria considerado herege e um fora-da-lei. Lutero foi excomungado.
    
SOLA SCRIPTURA
 é o princípio daqueles que acreditam que nada mais será acrescentado ou tirado das Escrituras. É o princípio que considera a Bíblia como infalível Palavra de Deus. Nem mesmo novas revelações do Espírito devem ser aceitas (se houvessem). O cânon está completo. A consciência de um evangélico, de um protestante está cativa às Escrituras. Desde a época de Lutero que um verdadeiro evangélico não aceita revelações novas. Lutero, ao voltar do Castelo de Warburg, onde traduziu a Bíblia para o alemão, Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 8 teve de lutar contra fanáticos que se diziam “profetas carismáticos” e recebiam revelações especiais de Deus. Eles diziam: “Deus me falou assim...”. Mas os evangélicos reformados crêem que a Palavra de Deus está completa e que o final da época apostólica é o final da revelação. Não pensar assim contraria a própria profecia de grandes profetas ainda do Velho Testamento: Daniel 9:24 e Zacarias 13:1-5. A Confissão de Fé de Westminster feita por teólogos protestantes do século XVII é clara quanto a esta posição: “Todo conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens”. Pouco tempo depois daquele evento histórico em Worms, em várias partes do mundo cristão, outros se voltaram para a Bíblia e descobriram as verdades que estavam obscurecidas há séculos por trás das tradições eclesiásticas. Na Suíça, o grande reformador de Genebra, João Calvino, surge como um grande baluarte da Reforma. Ele disse: “Os profetas não falavam por vontade própria, eles eram instrumentos do Espírito Santo usados para dizer apenas o que era enviado dos céus”. Mas “O Profeta” final já veio – Jesus Cristo (Hebreus 1:1-2). O verdadeiro protestante, o verdadeiro evangélico, insiste que todo e qualquer assunto seja testado pela autoridade de SOLA SCRIPTURA. Ela é a única autoridade da fé cristã e da prática da vida, a “fé que uma vez foi dada aos santos” (Judas 3). Por isso um evangélico não acredita em palavra “infalível” dos Papas nem dos Concílios nem em novas revelações. Só na Palavra de Deus escrita. É SOLA SCRIPTURA que nos diz como devemos cultuar Deus e não nossas invenções humanas. Na sua essência, a Reforma Protestante foi uma reforma do culto. SOLA SCRIPTURA é o fundamento da Fé Cristã. Se neste século a Igreja falhar em pregar e praticar SOLA SCRIPTURA, está na hora de uma nova Reforma. 2)

 SOLA GRACIA –
    Somente a Graça É o segundo grande slogan de alerta da Reforma. Lutero e seus sucessores todos se ajuntavam em torno deste grande pilar. Os verdadeiros evangélicos se baseiam na Escritura para afirmar que o homem pecador não tem qualquer esperança de salvação pelo seu próprio esforço. São firmes em defender o que a Escritura apresenta: “Pela graça sois salvos, por meio da fé – isto não vem de vós, é dom de Deus – não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9). O protestantismo nega todos os esquemas de salvação que promovem o homem e suas atividades religiosas como meio de ganhar a vida eterna e o perdão. Esta questão era óbvia para Lutero: É o homem que inicia e ajuda no perdão divino, ou é Deus quem providencia, inicia, efetua e completa o círculo completo da salvação de pecadores perdidos, para que a glória tenha de ser atribuída somente à Sua graça soberana? Para Lutero a segunda opção era a verdadeira. Lutero respondeu ao humanista católico, Erasmus, que escrevera uma obra defendendo o livre-arbítrio Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 9 (Diatribe); respondeu escrevendo sua famosa obra “A Escravidão da Vontade” ou “Nascido Escravo” (editora FIEL), enfatizando a prioridade da graça divina na salvação. Lutero insistia que um pecador era tanto incapaz de providenciar um remédio salvífico, como também incapaz de se apropriar do remédio que foi providenciado. Lutero viu que a única forma que poderia fazer ruir um sistema já tão inculcado na mente das pessoas e de peso como o católico Romano, onde eram enfatizadas práticas como compra de indulgências, peregrinações, penitências e outros, era atacar a raiz da controvérsia. Era uma questão de livre graça versus livre arbítrio. Até mesmo Erasmus foi levado a confessar: “Você, e você somente, enxergou um mecanismo sobre o qual tudo gira e aponta para este alvo, para este ponto vital: livre arbítrio versus graça de Deus”. O homem pensa que é livre, mas não sabe que está escravo do pecado e de satanás. Jesus disse “...Todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8:34). O homem possui um tipo de liberdade, é claro; é livre para fazer o que quer, mas o que ele quer é pecar porque os seus desejos são pecaminosos e o levam cada vez mais para longe de Deus amando o pecado e por fim morrendo nele. O grande pregador inglês do século XVIII, George Whitefield, dizia que o livre arbítrio do homem só o leva para o inferno. Tudo isso porque sua vontade é escrava da sua natureza corrompida pelo pecado. A escravidão do homem é tão completa que ele fica alegremente desapercebido da sua condição de escravo. Lutero refletia sobre esta condição e a descrevia desta maneira: “Eu creio que não posso por minha própria razão ou força, acreditar em Jesus Cristo meu Senhor, ou buscá-lo; mas o Espírito Santo me chamou através do Evangelho, me iluminou pelos seus dons, e me santificou e preservou na verdadeira fé; da mesma maneira Ele chama reúne, ilumina e santifica toda a Igreja da terra, e preserva a sua união com Jesus Cristo na verdadeira fé...”. Este é o Evangelho da graça, da SOLA GRACIA! Pecadores que não merecem nada além da ira de Deus, ganham o privilégio de gozar do Seu favor, pois aprouve ao Senhor ser gracioso para com pessoas que só mereciam sua condenação. Para um evangélico, que tira a sua doutrina exclusivamente da Bíblia, a salvação é um presente de Deus, imerecido, dado a pessoas indignas. “...a graça de Deus se manifestou salvadora...” (Tito 2:11). Livre graça é a necessidade gritante da igreja na presente hora. SOLA GRACIA tem que ser o chamado supremo da Igreja em nossos dias e não uma decisão humana, uma manipulação humana, ou métodos seculares do homem moderno para ganhar convertidos feitos por ele, mas sim o antiquado método evangélico. Somente pela graça soberana é a mensagem que captura e transforma os corações de pecadores pelo poder do Espírito Santo. 3) 
  
 SOLA FIDE – Somente a Fé Os evangélicos afirmam que a Bíblia é a única verdade autoritativa e que a salvação é unicamente pela graça de Deus. Isso suscita uma pergunta fundamental? Como uma pessoa pode receber esta salvação? Como uma pessoa pode ser aceita por Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 10 Deus? Era essa a questão que queimava na mente de Lutero e que o levou quase ao desespero. Lutero não se tornou monge por opção. O biógrafo de Lutero, Roland Baiton conta certo episódio de sua vida: “Em um sufocante dia de julho de 1505, um viajante solitário estava andando com dificuldade por um caminho ressequido das redondezas da vila de Stotternheim. Era um homem jovem, de baixa estatura, porém robusto, e vestia uma roupa de estudante universitário. Enquanto se aproximava da vila, o céu escureceu. De repente caiu uma chuva e que logo se transformou em uma estrepitosa tormenta. Um raio rasgou a escuridão e lançou o homem por terra. Lutando para levantar-se, gritou aterrorizado: ‘Santa Ana, ajuda-me e serei um monge!’ . O homem que assim invocou a uma santa, mais tarde repudiaria o culto aos santos. Aquele que fez votos de tornar-se monge, mais tarde iria renunciar ao monasticismo. Um filho leal da Igreja católica, mais tarde faria em pedaços a estrutura do catolicismo medieval. Um servo devoto do Papa, mais tarde identificaria os Papas com o Anticristo. Porque este jovem era Martinho Lutero”. Pouco depois desta experiência, Lutero fez seus votos. Deixou seus estudos das leis e ingressou no monastério agostiniano de Emfurt, para desilusão de Hans, seu pai, que desejava ver seu filho um advogado. No monastério dedicou-se a um tipo de vida rigorosamente austera. Passava noites sem dormir e dias em jejum e orações chegando a formas severas de auto flagelação, castigando severamente seu corpo e rejeitando até mesmo a provisão de um cobertor fazendo-o quase morrer congelado. Como não podia passar nem um dia sem pecar e sabia que seus pecados tinham de ser perdoados, buscava diariamente o confessionário para buscar absolvição e achar a aceitação de Deus. Ao contrário dos outros, passava horas confessando seus pecados. Em uma ocasião chegou a passar seis horas confessando os pecados do dia anterior. Ele disse depois: “Eu era um bom monge e seguia a regra da minha ordem tão estritamente, que posso dizer que, se alguma vez um monge chegou ao céu por sua vida monástica, esse fui eu. Todos meus irmãos no monastério, que me conheciam, me apoiavam. Se houvesse continuado por mais tempo, me teria matado com vigílias, orações, leituras e outros trabalhos”. Lutero buscava justificação para ser salvo, porém, cada vez mais se tornava alienado de Deus. Como os fariseus da época de Jesus, buscava sua própria justiça. Por isso disse mais tarde: “...Eu...estava sendo atormentado perpetuamente”. A visão de Lutero era de um Deus que não passava de um juiz extremamente severo e irado. Podemos imaginar que Lutero fosse um “pouco louco”, mas na verdade o que ele tinha em mente era a grande verdade da justiça de um Deus que é santo. Lutero sempre foi uma pessoa extremamente sábia e inteligente. Era conhecido como alguém que se sobressaia no conhecimento dos pontos difíceis das leis. Era considerado um gênio nas Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 11 leis. Tinha uma compreensão superior da lei. Por isso aplicava esse conhecimento, de uma forma astutamente legal à Lei de Deus e viu coisas que a maioria das pessoas normalmente passam por cima. As pessoas, quando muito, acham que são, de fato, pecadoras e infringidoras da Lei, mas que também todo mundo é assim. Desse modo concluem que Deus deve fazer “vista grossa” contra seus pecados porque ninguém é capaz de ser perfeito. Mas Lutero não via desta forma. Se Deus fosse assim, como pensam, teria de comprometer Sua própria santidade. Deus não rebaixa Seus próprios padrões santos para acomodar-se a nós pecadores. Ele é santo, totalmente reto e justo. Lutero via a diferença entre um Deus que é tudo isso e nós, opostamente pecadores imundos e injustos. Este era o dilema de Lutero e que devia ser o dilema muitos. Por isso ele fazia a pergunta fundamental da Reforma: “Como pode um homem injusto sobreviver à presença de um Deus justo?”. Lutero, ao contrário do jovem rico que conversou com Jesus, sabia que lhe faltava não apenas uma coisa, mas muitas coisas, pois a Lei de Deus exige perfeição total. Ele sabia o homem pecador não pode entrar no céu. A menos que entendesse o evangelho, morreria no inferno. Se o homem não for coberto com a justiça de Cristo estará perdido eternamente. Enquanto todos estavam tranqüilos, Lutero dizia: “Sabem vocês que Deus habita em luz inacessível? Nós, criaturas débeis e ignorantes, queremos sondar e entender a majestade incompreensível da insondável luz da maravilha de Deus. Nos aproximamos; nos preparamos para nos aproximar. Que tremendo é, então, que Sua majestade venha e nos faça em pedaços!”. Mas felizmente ocorreu a experiência religiosa essencial que Lutero tanto desejava. Deus deu-lhe a resposta. Não foi através de uma “luz interior”, uma revelação extra Bíblia, um raio, ou alguma experiência de êxtase, não, mas foi na quietude de seus estudos, no exame das Escrituras. Na chamada “experiência da torre” Lutero mudou sua vida e o curso da história do mundo. Deus o fez entender a Sua misericórdia sem comprometer a Sua justiça santa. Na Universidade de Wittemberg, Martinho Lutero recebeu a responsabilidade de fazer estudos de trechos bíblicos e, em 1515, dois anos antes de afixar as suas 95 teses contra as indulgências, ele iniciou uma série de palestras na Epístola aos Romanos. Nesse tratado de Paulo ele descobriu o coração do Evangelho. “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no Evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Romanos 1: 16-17). Ele mesmo descreve sua experiência: “Eu anelava grandemente entender a epístola de Paulo aos Romanos e nada se interpunha no caminho exceto uma expressão, “a justiça de Deus”, porque eu a tomei como que significando essa justiça pela qual Deus é justo e trata com justiça ao castigar o injusto. Minha situação era Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 12 que, apesar de ser um monge impecável, estava diante de Deus como um pecador com a consciência conturbada e não tinha nenhuma confiança em que meus méritos podiam apaziguá-lo. Portanto, eu não amava a um Deus justo e irado, mas o odiava e murmurava contra Ele. Não obstante, me agarrava ao amado Paulo e tinha um grande anelo em saber o que ele queria dizer. Refleti noite e dia até que vi a conexão entre a justiça de Deus e a afirmação de que ‘o justo viverá por fé’. Então compreendi que a justiça de Deus é aquela retidão pela qual, através da graça e somente da graça de Deus, Ele nos justifica pela fé. Neste ponto me senti renascer e senti que havia entrado através de portas abertas ao paraíso. Toda Escritura tomou um novo significado, e, enquanto anteriormente a ‘justiça de Deus’ me havia enchido de ódio, agora chegou a ser para mim inexplicavemente algo doce em um amor maior. Esta passagem de Paulo chegou a ser para mim a porta do céu... Se tu tens a fé verdadeira de que Cristo é teu Salvador, então, no momento tens um Deus de graça, porque a fé te guia até dentro do coração e da vontade de Deus, para que possas ver uma graça pura e um amor transbordante. Isto é contemplar a Deus com uma fé que podes olhar Seu coração paternal e amigável no qual agora não há ira nem falta de graça. O crente que vê a Deus como irado não o vê corretamente, mas que olha sob uma cortina como se uma nuvem viesse sobre seu rosto”. O que Lutero estava dizendo é que não conseguia conciliar “a justiça de Deus” que odiava, com o “Evangelho” que amava. Mas o texto de Romanos fala exatamente que a “justica vem pelo evangelho”. Isso o perturbou. Como entender? Então ele percebeu que a justiça de Deus é revelada em Cristo (o Evangelho), quando realiza Sua obra por pecadores merecedores da condenação e ira de Deus e os cobre com Sua justiça. Assim, Deus nos vê, não como pecadores, mas como santos e nos declara justos diante da Sua Lei. O mérito é todo de Cristo, a justificação é algo que vem de fora, é alienígena, não é obra nossa; a obra de Cristo é a base de nossa justificação. Esta verdade é a primeira parte da questão de Lutero, mas a resposta completa chegou quando ele percebeu, no texto, que esta justificação, que esta “justiça que vem pelo Evangelho” nos é entregue por fé e não por obras. É de “fé em fé” porque “o justo viverá por fé”. Não é por obras como pensam todas as demais religiões. Agora podemos entender o que Paulo diz em Romanos 4.2-5: “Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus. Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim, como dívida. Mas ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça”. A obra de Cristo nos traz a plena absolvição, que tanto Lutero almejava. Agora Deus nos trata como se nunca tivéssemos cometido pecado algum ou jamais tivéssemos sido pecador. E Deus nos trata como se nós pessoalmente tivéssemos cumprido toda a Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 13 obediência que Cristo cumpriu por nós. Mas, não é nossa fé que merece a absolvição. Não somos justos perante Deus graças a nossa fé. Somos justos perante Deus graças a obra de Cristo na Cruz e cumprindo toda a Lei. Mas a questão é que só podemos possuir esta justificação pela fé somente. Temos que definir bem o que é a fé. A fé não é uma boa obra nossa que nos faz merecer o perdão. Mas fé é, por assim dizer, a mão com a qual recebemos a justiça de Cristo. Somos justos e recebemos absolvição, não por causa de nossa fé (na verdade ela nos foi dada por Deus – Efésios 2:8), nem sem ela, mas por meio da fé. A fé é o instrumento com que abraçamos a Cristo. “O justo viverá por fé”. Este foi o grito de guerra da Reforma Protestante. A idéia de que a justificação é só pela fé (SOLA FIDE), só pelos méritos de Cristo, era tão central ao Evangelho que Lutero a chama de “o artigo sobre o qual a Igreja se mantém de pé ou cai”. Lutero sabia que era o artigo sobre o qual ele se mantinha de pé. Uma vez que Lutero entendeu o ensino de Paulo em Romanos, ele nasceu de novo. O peso da sua culpa foi quitado. Seu tormento enlouquecedor terminou. Isto foi tão significativo para este homem, que ele foi capaz de enfrentar o Papa, o concílio, o príncipe e o imperador e se fosse necessário, o mundo inteiro. Lutero havia passado pelas portas do paraíso e nada o faria voltar atrás. Ele foi um protestante que sabia do que estava protestando! SOLA FIDE! Que esta verdade se transforme numa epidemia tal em nossa nação que faça o povo desesperar pela bênção da justificação pela fé somente. 
  
 4) SOLUS CHRISTUS Nós falamos com freqüência das 95 teses de Martinho Lutero, porém lembramonos também que Zwinglio escreveu 67 teses, apenas seis anos depois de Martinho Lutero! Estas teses, ou afirmações teológicas exaltam a Cristo: “A suma do Evangelho é que o nosso Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro Filho de Deus, tornou conhecida a nós a vontade de seu Pai celestial e nos redimiu da morte eterna por Sua inocência, e nos reconciliou com Deus” (Tese 2). “Portanto, Cristo é o único meio de salvação para todos que eram, são e serão salvos” (Tese 3). “Quem quer que seja que procure ou que mostre outra porta, erra; sim, é um assassino de almas e um ladrão” (Tese 4). “Cristo é o cabeça de todos os crentes que são o Seu corpo e sem Ele o corpo está morto” (Tese 7). “Cristo é o único mediador entre nós e Deus” (Tese 19). “Cristo é a nossa justiça” (Tese 22). Um ponto que os reformadores enfatizaram foi que nós só temos um meio de acesso a Deus e um único advogado, um só mediador, um só caminho: Jesus Cristo. Porque Ele se fez homem unindo as duas naturezas divina e humana e se tornou o mediador que o próprio Pai constituiu entre nós; porque não há ninguém, nem no céu, nem na terra ou entre os homens que nos ame mais do que Cristo. “...pois Ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homem...” e “...em todas as cousas se tornasse semelhante aos irmãos...” (Filipenses 2:6-7 e Hebreus 2:17). Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 14 Nós não podemos buscar outro mediador entre nós e Deus porque só Jesus nos amou a ponto de dar Sua vida por nós, quando nós éramos ainda inimigos de Deus (Romanos 5:8 e 10). Além do mais, a Bíblia diz que só Jesus está à direita do Pai com toda autoridade intercedendo por Seu povo. A quem Deus Pai ouvirá antes de Seu Filho? Ou quem o Pai ouvirá além do Seu Filho? Quem está mais próximo de Deus do que Seu Filho? Somente por falta de confiança em Cristo os homens começaram a buscar os santos que já morreram. Eles mesmo quando vivos rejeitaram qualquer manifestação de veneração ou de mediação (Atos 10:26; Atos 14:15). Muitos querem dizer que nós não podemos nos achegar a Deus em orações porque somos indignos. Mas a Bíblia nos diz que Jesus tornou-se “...em todas as cousas...semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas cousas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hebreus 2:17,18). Diz ainda mais que devemos ir a Deus pois “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, antes foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemosnos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4:14-16). É a Escritura que nos manda ter intrepidez para “entrar no Santo dos santos, pelo sangue de Jesus.. aproximemo-nos ...em plena certeza de fé...” (Hebreus 10:19-22). É Jesus que vive intercedendo por Seu povo (Hebreus 7:24-25). Nós não poderíamos nos aproximar de Deus, sem Cristo, pois Ele é “fogo consumidor”. Mas o crente está coberto com a justiça de Cristo. Sua obra foi suficiente. Então, do que precisamos mais? Jesus mesmo disse certa vez: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). Os protestantes não buscam outro advogado, outro mediador porque aprouve a Deus nos dar Seu Filho para realizar esta obra mediadora. O próprio Jesus nos orientou a que buscássemos o Pai em oração, mas em Seu nome (em nome de Jesus). Por meio dEle somente, é que podemos ir à presença de Deus. Ele é o perfeito mediador. Não existe outro. Nossos antepassados reformados desembaraçadamente proclamavam: “Solus Cristus” (somente Cristo). Em Cristo há vida; fora de Cristo há morte. Sem Ele nada podemos fazer, por meio dEle podemos tudo. Fora de Cristo Deus não pode ser senão um fogo eterno e uma chama que consome; em Cristo Ele é um Pai gracioso. Isso é doutrina da Reforma, pois somente em Cristo a justiça de Deus pode ser satisfeita, isto é, por Sua obediência ativa e passiva. 
  
 5) SOLI DEO GLORIA - Só a Deus toda glória. Este era mais um dos slogans da Reforma Protestante. De fato, podemos dizer que este slogan prende em si mesmo toda a essência da Reforma. Esta afirmação resgatou o propósito de vida das pessoas, que estava soterrado sob o entulho da tradição religiosa medieval e da teologia antropocêntrica de Tomás de Aquino. O ponto que este slogan defende é que só Deus deve ser glorificado em nossa salvação, no louvor e nas nossas vidas. Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 15 Porque fomos salvos só pela graça, que só vem de Cristo, só pela fé, não existe nenhum lugar onde possamos dizer que ajudamos a Deus, ou fizemos algo em prol da nossa salvação. A reforma recuperou a afirmação bíblica da Total Depravação do Homem e que desde o seu nascimento este homem é incapaz de fazer qualquer coisa para ser salvo diante de Deus. Mesmo todas as obras boas, feitas por aquele que não foi regenerado, são pecado. A nossa justiça é como trapos de imundícia, como Isaías registrou. Ele disse que a nossa justiça, as nossa boas ações são inaceitáveis diante de Deus pois estão manchadas pelo pecado Eu e você, não somente precisamos da justiça de Cristo para pagar o preço dos nossos pecados, mas precisamos de Cristo para pagar por tudo aquilo que fizemos pensando que era bom; no entanto eram apenas trapos de imundícia diante do nosso Deus. Existem tantos pecados em nossa “boas ações”, que merecemos o castigo eterno e a condenação de Deus. Mas quando Deus dá a uma pessoa a fé para olhar para a cruz de Cristo e dizer, “isto foi por mim”, esta pessoa imediatamente passa à condição de justificada, declarada justa, pura. Tudo isto pode parecer não ter sentido, que não é verdade. A sua consciência pode tentar dizer que Deus ainda tem muitas exigências a fazer para que você seja declarado justo. Os seus amigos podem dizer que isto não faz sentido e concluem: “Então, se isto for verdade, você pode viver qualquer tipo de vida e ainda ser salvo no final, isto não está certo!”. Estas pessoas não compreenderam o evangelho. O Evangelho tem um efeito completamente diferente. O que a Lei nunca poderia conseguir – a verdadeira obediência vinda do coração e amor por Deus e pelo próximo – isto o Evangelho conseguiu. Cristo não só pagou o preço dos nossos pecados e zerou a nossa dívida para com Deus, mas cobriu-nos com Sua justiça; Sua justiça foi imputada em nós, creditada em nossa conta. Mesmo quando ainda somos pecadores, ainda assim, estamos justificados. O evangelho foi além e derrubou a ditadura das nossas paixões carnais que nos deixavam buscando apenas a nossa própria alegria, a nossa própria salvação e a nossa própria glória. Diante disso nós não podemos ser egocêntricos. Para dizer a verdade, Calvino reclamava dos crentes da idade média que viviam tão preocupados e sobrecarregados com a tarefa de salvar as suas próprias almas, e se tornaram tão zelosos de boas obras para ter uma vida piedosa, que se esqueciam do próprio Deus, sua Majestade, Sua glória, e de amar ao próximo e querer bem aos seus irmãos. Se Deus nos escolheu antes da Criação do mundo; se Ele nos redimiu quando ainda éramos seus inimigos (“éramos por natureza filhos da ira” - Ef.2:3); se Ele nos vivificou quando nós estávamos mortos espiritualmente, perguntamos: de que o homem pode se vangloriar? Ou para que o crente viver angustiado como Lutero, antes de se converter? Deus agora nos vê como justos. Agora estamos livres para amar e servir a Deus e aos nossos vizinhos, sem medo de sermos castigados e sem a necessidade de buscarmos recompensa. Buscar recompensa é dizer que somos merecedores e isso “apaga” a glória de Deus. Aproveitando este tema, este é exatamente o motivo pelo qual muitos afirmam não poder acreditar na doutrina bíblica da Eleição Incondicional. Parafraseando o que diz certo teólogo (arminiano) do passado: “Esta doutrina tira toda a motivação do crente buscar a santificação, que é o medo do castigo e a busca de uma recompensa”. Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 16 Se este teólogo tivesse com a razão, isto faria à nossa religião o que fez aos monges medievais, reclusos nos mosteiros: nossas vidas seriam impulsionadas apenas por motivos egoístas! Será que a vida cristã é salvar o seu próprio “pescoço” e viver correndo atrás de medalhas de “honra ao mérito” no céu? Os reformadores, Martinho Lutero e João Calvino pregavam o evangelho bíblico que havia sido soterrado e não era mais pregado aos cristãos. Como conseqüência, os ouvintes estavam acostumados com uma espiritualidade centrada no homem, uma espiritualidade egocêntrica, própria da idade média e, por incrível que pareça, própria da nossa época. Quando eles pregaram o evangelho, a mensagem genuinamente bíblica, de repente, as atividades do dia-a-dia, da vida comum, passaram a ter um novo significado, uma nova motivação. Não era uma vida piedosa separada e enclausurada do mundo que iria agradar a Deus (gnóstica). Jesus disse em Sua oração sacerdotal: “Não peço que os tires do mundo, e, sim, que os guardes do mal” (João 17:15) Enclausurarse num gueto espiritual não foi uma ordem divina. Deus nunca ordenou que, para agradá-lo, os crentes teriam que se isolar do mundo! Não, os Reformadores insistiam que santos são todos aqueles que, nos seus afazeres diários, ordenhando vacas, construindo casas, assando pães, homens e mulheres comuns, vivendo vidas normais, os advogados, cientistas... se dedicam a ser o melhor possível nas suas obrigações, funções ou trabalhos, com o propósito de dar honra e glória ao nome de Deus. Neste sentido, santo é aquele que, com fidelidade, atende ao chamado de Deus para ser o melhor possível onde Deus o colocou. “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo coração, como para o Senhor, e não para homens” (Colossenses 3:23) Os historiadores modernos ficam extasiados quando observam os efeitos da Reforma Protestante no homem comum daquela época. A sociedade moderna que se desenvolveu no Novo Mundo, teve muito a ver com o que os Reformadores ensinaram. A Reforma protestante, podemos dizer, “liberou a energia” do homem e da mulher comum. Criou a “Escola Pública Universal”; transformou governos em democracias; pronunciou a bênção de Deus sobre todos os que levassem uma vida digna, com trabalho honesto, isto numa época em que a sociedade pregava que a pobreza era o viver mais perto de Deus, que era bom ser pobre. Os Reformadores ensinaram que Deus fica feliz e abençoa o trabalho bem feito dos seus filhos que honram-no agindo responsavelmente e produtivamente; fazendo o melhor. Mas longe deles a idéia de esquecer os pobres ou discriminá-los. · A Reforma com sua ênfase em dar glórias a Deus e se importar com o próximo, cuidando do pobre, mobilizou a sociedade para, através do serviço ao próximo, cuidar daqueles que o governo não tinha a intenção ou interesse em cuidar. · Ao mesmo tempo a Reforma gerou artistas de renome como Johan Sebastian Bach, que ao final de cada uma das suas composições escrevia: “SOLI DEO GLORIA”. Junto a ele, outros nomes surgiram como Mendelssohn (compositor, pianista e regente alemão) Rembrandt (maior artista e pintor holandês do século XVII), Vernier (matemático francês do século XVII), Herbert, John Bunyan (puritano, homem simples, que escreveu o famoso livro O Peregrino) e grandes eruditos nas universidades. Os reformadores aplicavam esta verdade de “Só a Deus Toda Glória” em suas vidas práticas. Eles davam grande ênfase à vocação da pessoa. Enfatizavam que cada pessoa devia glorificar a Deus através de sua vocação secular. Lutero já havia ensinado Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 17 o sacerdócio universal dos crentes e os que criam nisso aprofundaram esta verdade. Mesmo os estudiosos marxistas do século XX deram crédito aos calvinistas puritanos por terem elevado a moral da classe trabalhadora da Inglaterra naquele período (Século XVII). Ao invés de darem simplesmente recursos às pessoas pobres, eles organizaram muitas sociedades, sistemas, para que as pessoas aprendessem uma vocação. Ensinavam que as pessoas tinham sido criadas por Deus para servir de acordo com os propósitos deste Deus. Que elas tinham sido criadas à imagem e semelhança de Deus sem distinção de classe. Diziam que quando uma pessoa estava varrendo a sua casa devia fazê-lo de forma responsável, pois era para glória de Deus e avanço do Seu Reino. Dessa forma os pobres começaram a sentir um novo senso de dignidade e a desenvolver seus talentos que Deus havia concedido. Assim, os crimes, a violência caíram tremendamente naquela época. Criaram sociedades de voluntários para ajudarem e darem treinamento e qualificação aos pobres. Fundaram hospitais de caridade e tudo tinha um propósito: viver para glória de Deus. Protestantes reformados começaram a criar a Associação de Arte, de Ciências, de Cultura, através de toda a Europa. Nos Estados Unidos as grandes Universidades que foram fundadas com o propósito de anunciar ao mundo e às novas gerações esta postura Reformada, são conhecidas e respeitadas até hoje: Harvard, Dartmouth, Yale, Princeton, Brown e outras. Tudo para que Deus continuasse a ser glorificado enquanto os homens buscavam ser o melhor em suas profissões. Mas, hoje, a maior ênfase é na glória humana. Evangélicos insensivelmente pragmatas, afirmam que a Reforma estava errada pois era centrada em Deus e não no homem. Eles insistem que o propósito do Evangelho é: “Santificar a busca egoísta do homem”. Dizem mais: que o grande defeito do cristianismo moderno é “o fracasso em proclamar o Evangelho de um modo que possa satisfazer a necessidade mais profunda de cada pessoa, ou seja, o anseio espiritual pela glória humana”. Com toda esta ênfase que ouvimos hoje nos meios de evangélicos, daquilo que o homem é capaz de fazer com o poder do seu pensamento positivo e livre e de suas capacidades próprias, será que a glória ao nome de Deus está sendo um assunto estudado nas Igrejas Evangélicas dos nossos dias? Será que a Igreja que está se preparando para o século XXI está dando glórias ao nome de Deus? Será que temos hoje uma igreja aplicando este princípio da Reforma onde Deus é glorificado em todos os atos do crente ou será que precisamos de reforma novamente? A situação de hoje é a mesma da Igreja Católica da Idade Média, estão acrescentado algo às Escrituras. Isto motivou a Reforma. Precisamos de reforma novamente. A glória de Deus está dividida e obscurecida. Quando é o homem que faz e não Deus, não podemos dizer Soli Deo Gloria. Dizer que só a Escritura é a única regra de fé e prática e a ela não se acrescenta nada mais, mesmo que um anjo com todo seu explendor apareça dizendo novidades, aí está a Glória de Deus. Quando se ensina presciência em lugar de predestinação; quando se diz que o homem tem livre arbítrio; quando se afirma que Cristo morreu por todos os homens e que este homem é quem decide a sua salvação; que o frágil homem é mais forte do que o Espírito Santo resistindo-o na Sua obra de convencê-lo do pecado, da justiça e do juízo; quando se afirma que o crente pode ser “desregenerado”, “desjustificado” e Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 18 “desantificado”, a graça é destruída e por se enfatizar o homem e não a Deus, não podemos afirmar Soli Deo Gloria. Certa vez, em um programa de rádio, nos Estados Unidos, Dr. Michael Horton perguntou a Dr. James Boyce: “Se a glória de Deus não é o objeto em foco, o que a substitui?” A resposta sábia foi: “Nós vamos dar glória a alguém; ou damos a Deus ou aos homens. ...ou louvamos a Deus ou endeusamos a nós mesmos e glorificamos a nós mesmos...construindo nosso próprio reino”. Como podemos falar na glória de Deus na salvação se o homem seria um parceiro deste Deus na sua salvação. Deus não tem parceria com o homem no seu pacto eterno de salvá-lo. O Pacto divino para salvar o homem é feito com o Filho e os crentes são apenas herdeiros deste pacto. A iniciativa e o mérito é todo de Deus, da Trindade Santa. É Deus quem começa a boa obra e a completa. Foi Ele que disse: tudo está consumado! O amar de antemão, o predestinar para salvação, o chamar de forma eficaz, o justificar pela imputação da justiça de Cristo, e o glorificar na eternidade é o plano gracioso de salvação. Deus não divide Sua glória com ninguém - “A minha glória não darei a outrem” (Is.48:11). Quando a igreja cria metodologias pragmáticas, técnicas inovativas para fazer o número dos membros crescer baseadas na força do homem, a glória de Deus é desfeita, “apagada”. A Igreja de hoje é tolerante, benevolente e só enfatiza o positivo; o sermão é breve e divertido. Isso descarta o método do próprio Jesus que enfatizava a pregação e o ensino sérios, como algo que O ocupou em todo Seu ministério. A ênfase na auto-estima, hoje, tem sido evidenciada grandemente e sutilmente. Quando divido a glória da salvação com Deus, estou elevando minha auto-estima e não negando-me a mim mesmo. O negar-se a si mesmo foi a exigência de Cristo e uma marca do eleito de Deus (ITs.1:3). O hino que deve-se cantar hoje não é “Você tem valor”, mas é “Servo inútil sem valor, mas pertenço ao meu Senhor”. A glória da minha justificação é de Deus, os méritos são de Cristo. Só a Deus toda glória por nossa justificação que é por fé; fé que ele mesmo nos dá gratuitamente. Isso nos faz lembrar as palavras de Cristo: “Graças te dou, ó Pai, Senhor dos céus e da terra, por que ocultastes estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelastes aos pequeninos” (Mt.11:25). Deus escolheu os fracos para envergonhar os fortes; as pessoas humildes, as desprezadas, as que nada são para reduzir a nada as que são, com um propósito: Afim de que ninguém se glorie diante de Deus, pois só este merece a glória (I Co 1:26-29). E nesta humilhação do homem, os crentes, os que são de Cristo, para estes, Cristo é nossa sabedoria – a loucura do Evangelho torna-se sabedoria pois é o próprio Deus encarnado se oferecendo a si mesmo para salvar pecadores. Esta sabedoria está incluindo três coisas: 1. justiça: Cristo nos justifica com sua morte na cruz e sua obediência à Lei. 2. santificação: Cristo nos santifica. Jamais poderíamos nos santificar por nossas próprias forças - “...desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fl.2:12-13). 3. redenção: Cristo pagou o preço de resgate com Seu sangue no Calvário. Para que? Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 19 Para que o homem veja que ele não fez nada e por isso não tem do que se vangloriar. Assim a glória é toda de Cristo. Na doutrina protestante o homem é diminuído e Cristo é elevado. A Confissão de Fé de Westminster expressa que Deus pré-ordenou todas as coisas para Sua própria glória, bem como estabelece isso como sendo o fim principal do homem.: “O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre” (Breve Catecismo pergunta 1). Isso porque a Bíblia diz: “Por que dele e por meio dele e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém” (Romanos 11:36). 

BIBLIOGRAFIA 1. Bíblia Sagrada – Versão Revista e Atualizada 2. Enciclopédia Histórico Teológica – “Protestantismo” – Edições Vida Nova, Vol III 3. Errol Hulse – Lutero e a Autoridade das Escrituras – Jornal Os Puritanos/A Reforma Protestante/Ano II, N° 4 4. James E. McGoldrick – Três Princípios do Protestantismo – Jornal Os Puritanos/ A Reforma Protestante/Ano II, N° 4 5. Joel Beeke – Revendo Nossos Princípios Reformados – Revista os Puritanos/ Vida Aos Mortos/ Ano VI, N° 4 6. Loraine Boettner – Catolicismo Romano – (Editora Batista Regular) 7. R.C. Sproul – La Santidade de Dios, Cap 5 – La Insania De Luter